segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A experiência de ver o Rock in Rio pela TV.

Tentei acompanhar o Rock in Rio de diferentes plataformas. Até sexta-feira à noite ainda estava em dúvida de qual ponto de vista eu iria ver o festival de casa. Eu acreditava que o primeiro Rock in Rio da era das redes sociais poderia ser uma experiência dúbia, ou faria com que eu me sentisse dentro da cidade do rock, ou me faria sentir muito bem por estar em casa.

Tudo escolhido, comecei a acompanhar o festival durante o intervalo entre o show da Cláudia Leitte e da Katy Perry. Na televisão: pelo Multishow com Didi Wagner, Luisa Micheletti, Beto Lee, Dani Monteiro e Caruso e pela Globo com Zeca Camargo, Bruno de Luca e André Marques. Na web: Twitter, Facebook, Twitter da @poalli, mapa de tweets do pessoal que estava na cidade do rock criado pelo G1, e uma espiadinha nos portais de vez em quando. Confesso que foi uma experiência surreal. Por vários motivos. O principal deles: eram 3 mundos diferentes. Os que lá estavam acompanhando os shows, o que em casa estavam acompanhando o show, e os que em casa estavam acompanhando apenas os detalhes, os erros, as gafes, as piadas e os artistas bêbados.

No Multishow faltou entrosamento da equipe. As meninas no estúdio não falavam a mesma língua da Dani na área vip, assim como não falavam a mesma língua de Beto Lee, visivelmente empolgado com o evento. A transmissão em si, pecou algumas vezes no som. Na Globo, é muito difícil acompanhar, a tradução do festival e da importância dos artistas que lá estavam não é literal pra linguagem da maior emissora de TV aberta do país. Como explicar ao mesmo tempo, pra um público tão abrangente a relevância de artistas como Snow Patrol, Rihanna e Slipknot. É difícil imaginar pra nós que temos a internet que eles não possam ser conhecidos. Mas pra muita gente nos rincões deste país, a Globo é a única janela de comunicação com o mundo. Não vejo ninguém melhor na emissora que Zeca Camargo pra apresentar um festival de música. Mas não vejo também uma preparação para este tipo de transmissão. Sei que o horário é mais excludente, que só quem é interessado mesmo no assunto assistiria à transmissão até 3h da madrugada, mas não se pode deixar de levar em consideração o alcance da emissora, e a confusão que poderia causar em um telespectador desprevenido.

Na internet o povo quer mesmo é bagunça. O lado que a gente não via nas edições anteriores, foi o mais evidente em todas as redes sociais. O que antes era comentado apenas com quem estivesse ao seu lado, ou no dia seguinte, ficou real time, e se tornou imenso, maior até que o festival. O lado de quem ficou em casa serviu pra revelar que além de sermos uma nação de milhões de técnicos de futebol e milhões de críticos de televisão, também somos uma nação de milhões de conhecedores de música. Todo mundo sabia o que prestava e o que não prestava em cada um dos shows. Milhares de pessoas dando seus vereditos pra cada artista, mesmo que nem o nome desse artista soubesse escrever direito. E muita, muita gente falando mesmo é de bastidores.

Ficou evidente também uma preocupação com a infra-estrutura do local, o trânsito e a segurança. O RIR parece ser, na visão de muita gente, uma prévia para o que o Rio de Janeiro é capaz, ou não, de fazer para 2014 e 2016. O resultado dessa experiência multiplataforma, por enquanto, é que não foi ainda uma edição imperdível e histórica, e que a presença física, o lugar, a multidão ainda são essenciais para tornar o espetáculo grandioso. Caso contrário, fica tudo resumido a criação de fatos, bordões, memes e celebridades instantâneas. O menino Júlio Salvo, que subiu ao palco com Katy Perry que diga, a quantidade de seguidores que ele ganhou no twitter em dois dias e exposição que teve foi a coisa mais rocknroll até agora do festival! Afinal, hoje é dia do rock, bebê!

post do RD1



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